21.10.2025
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Recuperação Judicial no agronegócio: quando é o caminho e melhores alternativas

A Recuperação Judicial foi criada para dar uma segunda chance a quem passa por uma crise real e temporária.

O principal propósito do instituto é preservar a atividade econômica viável, manter empregos e proteger a produção, quando a empresa (ou produtor) enfrenta dificuldades momentâneas, especialmente de liquidez, mas ainda tem potencial de recuperação.

Ou seja, não é um salvo-conduto para o devedor, e sim um instrumento para proteger quem quer se reorganizar de forma responsável.

Utilização adequada da Recuperação Judicial: quando faz sentido

A Recuperação Judicial é adequada quando o produtor, cumulativamente:

• Já tentou negociar e esgotou todas as alternativas possíveis com credores;
• Não tem patrimônio suficiente para quitar suas dívidas de forma imediata;
• Tem atividade produtiva viável e precisa de tempo para reorganizar-se e ajustar seu fluxo de caixa;
• Atua de boa-fé, com transparência e vontade real de se reestruturar.

Utilização inadequada da Recuperação Judicial: quando vira um problema

A Recuperação Judicial é usada de forma inadequada quando o produtor:

• Tem patrimônio para pagar parte relevante da dívida, mas prefere blindá-lo;
• Não tentou negociar com bancos, tradings ou fornecedores;
• Busca apenas “ganhar tempo” ou se esconder das dívidas;
• Age sem transparência ou sem plano real de recuperação, em mera busca por desconto nas dívidas.
Esse tipo de uso prejudica todo o setor e acarreta riscos relevantes ao produtor rural.
Gera desconfiança no mercado, fechamento de linhas de crédito e restrição comercial.
Muitos produtores que seguiram esse caminho acabaram isolados do mercado, perderam ativos rurais chave em litígios custosos e encerraram suas operações.

Alternativas à Recuperação Judicial: caminhos testados com sucesso

Existem muitos caminhos antes da Recuperação Judicial. Alguns já provaram bons resultados:

• Stand still: pausa temporária nas cobranças enquanto se renegocia;
• Venda de ativos com opção de recompra (ex.: fazenda);
• Reperfilamento de dívida, trocando prazos, taxas e garantias;
• Estruturas financeiras com parceiros e clientes (adiantamento de recebíveis, barter ajustado, etc.).

Essas alternativas preservam o crédito, a reputação e a confiança do produtor e são bem vistas pelos financiadores.

A RJ não é solução para tudo

A Recuperação Judicial deve ser a última alternativa, e não o primeiro reflexo diante da dificuldade.

Quando usada com responsabilidade, ela protege o produtor e o setor agroindustrial. Quando mal utilizada, fecha portas e destrói confiança.

“A boa colheita depende da escolha do caminho certo.”

 

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