13.09.2024
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‘Take private’: estratégia com foco em empresas listadas

Valor Econômico:

No jargão do mercado, tem muita empresa “barata” na bolsa e comprá-las pode ser uma boa oportunidade, o que tem feito investidores privados se movimentarem

Há mais de dois anos o Brasil não vê um IPO na bolsa de valores. É a maior “seca” da história do país. Em 2021, vimos o maior número de captações via IPO no mercado, com 42 ofertas e mais de R$ 60 bilhões de injeção de capital nessas empresas. Mas a festa acabou. Os IPOs se retraíram na mesma velocidade em que a taxa de juros básica do país subiu. Ao mesmo tempo, as empresas abertas amargaram significativa desvalorização de suas ações no período. No jargão do mercado, tem muita empresa “barata” na bolsa e comprá-las pode ser uma boa oportunidade. E os investidores estão se movimentando nesse sentido.

É o caso, por exemplo, da BR Properties, adquirida pela Slabs Investimentos e que, em seguida, realizou uma oferta pública de aquisição (OPA) para fechamento do capital. Outro caso foi o do laboratório Hermes Pardini, que fechou seu capital por meio de uma operação de compra pelo Fleury, combinando ações do Fleury e dinheiro. Ainda há casos em análise pela CVM, como o do Banco Alfa de Investimentos, adquirido pelo Banco Safra. No caso da Cielo, o fechamento de capital e a compra de ações dos minoritários foi orquestrada pelos acionistas controladores.

Nos Estados Unidos, esse movimento também tem sido notável. O fundo de private equity Silver Lake adquiriu a Endeavor por US$ 13 bilhões. Foi uma das maiores transações do ano, e no modelo “take private”, que no jargão americano significa fechar o capital de uma empresa por aquisição do seu capital por investidor privado.

Por vezes, a “privatização” do capital permite que a gestão se concentre mais na operação e crescimento do negócio, contribuindo significativamente para simplificação das exigências regulatórias e redução dos custos de observância que cercam as companhias abertas. Além disso, quando o preço das ações das empresas de capital aberto se descola do seu valor intrínseco, a gestão pode tomar decisões de curto prazo (visando a subida de preço da ação), ao invés de focar em atividades que criem e construam riqueza a longo prazo.

No entanto, o capital fechado também tem desvantagens, principalmente para os minoritários que adquiriram o papel em bolsa. Isso porque, de um lado, podem ser forçados a vender o papel em um momento ruim de mercado, ou, de outro, tomarem a decisão de ficar numa empresa cuja gestão, a forma e qualidade de fornecimento das informações poderão ser drasticamente alteradas, sem contar a perda de liquidez do papel.

Como forma de evitar a manutenção forçada dos minoritários em empresas que optam por fechar o capital, as leis e regulamentações nacionais oferecem alternativas como as OPAs, que, em linhas gerais, consistem em ofertas públicas efetuadas fora de mercados organizados de valores mobiliários, que visam à aquisição de ações de companhia aberta, e por meio das quais o ofertante obriga-se a adquirir os papéis dos acionistas aderentes à oferta.

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