14.03.2025
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O agronegócio em 2025: políticas de financiamento e desafios econômicos

Entrevista com o sócio Renato Buranello para o canal Times Brasil. Confira a íntegra aqui.

O agronegócio brasileiro é moldado por diversas políticas e propostas de financiamento, com instrumentos de crédito, seguro e apoio à comercialização sendo os principais. Atualmente, o crédito rural obrigatório (com equalização de taxa de juros) e o apoio à comercialização já são considerados despesas obrigatórias no orçamento.

Uma proposta em discussão é a da Frente Parlamentar Agropecuária de incluir o Plano Safra entre as despesas obrigatórias do orçamento. Essa medida visa garantir maior previsibilidade e volume de recursos para o setor, estendendo a natureza obrigatória para instrumentos como a subvenção ao prêmio do seguro rural (PSR), que atualmente é uma despesa discricionária.

A justificativa para essa proposta reside na importância do apoio à agricultura para controlar a inflação de alimentos e atender à necessidade de maior produção e produtividade. Além disso, o Brasil apresenta níveis de subsídios menores em comparação com outros países produtores, o que reforça a necessidade de um apoio contínuo.

Tornar o Plano Safra uma despesa obrigatória proporcionaria maior segurança e previsibilidade para os programas de apoio, tanto para o seguro quanto para o crédito no financiamento do agronegócio.

O apoio contínuo ao agronegócio é considerado fundamental por diversas razões:

– Garantir maior produção e produtividade no setor;
– Mitigar a inflação de alimentos;
– Compensar os menores níveis de subsídio em comparação com outros países;
– Proporcionar segurança e previsibilidade para o financiamento através de programas de apoio;
– Assegurar a sustentabilidade dos programas de financiamento diante de um contexto macroeconômico desafiador.

No entanto, a conjuntura econômica atual, caracterizada por altas taxas de juros (Selic) e inflação, impõe desafios consideráveis ao setor.

O aumento da taxa Selic e a restrita disponibilidade orçamentária exercem uma pressão significativa sobre o Plano Safra, podendo resultar em um menor volume de recursos disponíveis para o financiamento da safra. Embora a equalização da taxa de juros para o crédito rural obrigatório já seja uma despesa obrigatória, a pressão orçamentária pode afetar a sustentabilidade desses programas.

No que diz respeito à inflação, o governo adotou medidas como a zeragem da alíquota de importação para alguns produtos com o objetivo de reduzir os preços dos alimentos. Contudo, essa medida gerou críticas no setor do agronegócio, sendo considerada um ajuste artificial com impacto limitado, pois o equilíbrio entre oferta e demanda é apontado como o principal regulador dos preços.

Apesar da expectativa de uma safra melhor em 2025, os custos de produção também estão mais elevados, o que pode impactar a rentabilidade do setor. Observa-se também uma melhora na situação financeira do agronegócio, com uma diminuição nos pedidos de recuperação judicial e um aumento nas renegociações de dívidas.

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