18.06.2025
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Desafios e oportunidades para o agronegócio brasileiro no segundo semestre de 2025

Em entrevista ao Canal TerraViva, o sócio Marcelo Winter analisou os desafios e oportunidades para o agronegócio brasileiro neste segundo semestre de 2025.

O programa debateu, entre outros, os seguintes temas:

Qual a contribuição dos FIAGRO para o financiamento do agronegócio brasileiro?

Os FIAGRO foram concebidos como uma solução inovadora para atrair mais financiamento para o agronegócio, dado que o estado não consegue suprir a necessidade de crescimento do setor. Diferentemente de outros fundos tradicionais, o FIAGRO possui uma política de investimento muito mais ampla, podendo investir simultaneamente em diversos ativos voltados ao agro (como direitos creditórios, empreendimentos imobiliários e participações acionárias).

Essa flexibilidade, combinada com benefícios fiscais, como a isenção de imposto de renda para investidores pessoa física, tem atraído substancialmente o interesse de investidores. Para os tomadores (produtores), os FIAGRO representam uma fonte alternativa de captação de recursos, complementando as fontes bancárias tradicionais.

De que forma a nova lei de licenciamento ambiental busca trazer progresso e segurança jurídica para o agronegócio?

A nova lei de licenciamento ambiental tem como propósitos principais uniformizar os procedimentos de licenciamento entre todos os estados e âmbitos da federação, e simplificar o processo para atividades com baixo ou médio potencial poluidor. O objetivo é evitar que atividades fiquem anos na fila de espera por uma licença, impedindo o desenvolvimento econômico.

A lei visa criar um processo mais ágil e padronizado, estando sob o guarda-chuva do Código Florestal e aderente a todas as legislações ambientais do país, que são consideradas as mais rígidas do mundo. Embora seja vista como uma “flexibilização” por alguns, é considerada um avanço e um progresso, pois visa harmonizar as regras e reduzir a insegurança gerada pela divergência entre legislações federal, estadual e municipal.

Como o cenário geopolítico, especialmente a guerra comercial entre EUA e China, influencia a competitividade e as exportações do agronegócio brasileiro?

A “guerra comercial” entre Washington e Pequim gera um cenário de incertezas, mas para o Brasil, os efeitos podem ser tanto diretos quanto indiretos. Do ponto de vista direto, o Brasil tende a sofrer menos, pois foi taxado com o menor percentual (10%), enquanto outros países sofreram taxações muito superiores.

Além disso, o Brasil é o principal país que pode suprir a escassez de produtos no mercado norte-americano. Indiretamente, os efeitos parecem até positivos, pois a situação pode abrir novos mercados para o Brasil e permitir que o país supra o que o mercado norte-americano fornecia para terceiros.

Embora a guerra comercial não seja boa para ninguém, ela pode ser positiva para o Brasil no curto prazo, permitindo a diversificação da pauta de exportação e a entrada em novas rotas de mercados. No que tange ao cenário internacional, a princípio, a imunidade da exportação está garantida tanto no regime tributário atual quanto no novo, o que minimiza impactos na competitividade externa.

 

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